Dia Internacional das Mulheres Especiais



Dia Internacional das Mulheres Especiais - Publicado no Jornal A Tribuna dia 10/03/2010 
 Rosilda Mara Rodrigues Moroso (Sissa) – Academia de Letras e Arte de Siderópolis


 O dia 08 de março foi criado para homenagear as mulheres operárias, que à exatamente 153 anos, foram queimadas vivas, por lutarem por uma sociedade mais justa e igualitária. Queremos neste artigo então, fazer uma releitura da participação de algumas mulheres na sociedade brasileira que lutaram todos os dias pela mesma questão. Não vamos fazer aqui uma apologia, falando dos atributos femininos, da tripla jornada de trabalho, das questões de direitos e tantas outras que vivenciamos no cotidiano. Quero lembrar de mulheres que fizeram, mudaram e que continuam recriando a história. Começo então pela passagem bíblica, que afirma que Deus tirou uma costela de Adão e dela fez a mulher a sua imagem e semelhança e mais o poder de procriar. Quando Ele fez esta proposta, já sabia que a mulher não seria somente “parideira”. O dom da procriação era para ser a companheira do homem para andar lado a lado e ensinar a ele a beleza das coisas e a ternura de “ser humano”. Mas se o homem não quer aprender e andar do lado... E assim se fez a mulher, a mulher guerreira como Anita Garibaldi que largou o fogão, a máquina de costura, o marido bêbado, violência doméstica e foi lutar por um mundo melhor e viver um grande amor. Na arte encontramos outra guerreira: Tarsila do Amaral, que também viveu dois casamentos e que foi uma artista consagrada e suas telas fazem sucesso deste os anos 20, considerada muito “avançada” para sua época, assim como sua amiga Pagú e tantas outras artistas da Semana da Arte Moderna. Na área da escrita, vou lembrar de Rachel de Queiroz, jornalista que viveu quase um século a escrever, dizendo que não gostava de escrever, nos anos 30 foi fichada como “agitadora comunista” e foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, também se separou do marido após 10 anos de casamento. “Õ Abre Alas”, para Chiquinha Gonzaga, esta afro-brasileira, compositora e pianista que marcou a sua época com a música e a luta abolucionista. Também se separou do primeiro marido e foi traída pelo segundo, mas terminou seus dias ao lado de um jovem rapaz. “Ou isto ou aquilo” é uma das poesias de Cecília Meireles, esta poetisa que deu nome às ruas, bibliotecas, escolas e tantos outros lugares públicos, por causa da sua poesia simbolista moderna e sua atuação como professora. Casa-se com um pintor, que por causa da depressão se suicida depois de 14 anos de casamento. Cecília casa-se novamente com um engenheiro agrônomo, também professor. Em 1932 foi instituído o voto feminino. A participação feminina na política revolucionou a forma de administrar a vida pública e a primeira mulher eleita para o cargo de deputada federal foi Carlota Pereira de Queirós, um ano após a nova lei. Parafraseando Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher: torna-se”! Então a mulher tornou-se política também. Na década de 60, Leila Diniz que era atriz, aparece na praia mostrando a barriga de grávida, este fato a fez símbolo da revolução feminina no Brasil, porque era defensora do amor livre e do prazer sexual. Neste ano - 2010, o Brasil perde uma grande mulher, Dra Zilda Arns Neumann, que era médica que se especializou em saúde pública, pediatria e sanitarismo. Ela ficou viúva após 19 anos de casamento e dedicou a sua vida a causa da mortalidade infantil, criando a Pastoral da Criança, que lhe rendeu diversos prêmios. Poderia destacar outros nomes, mas gostaria de encerrar por aqui, com este nome que simboliza a luta das mulheres que querem transformar o mundo com amor e dedicação. E você homem que achou este artigo muito feminista, fique com a seguinte reflexão de Khalil Gibran: “Quem não sabe aceitar as pequenas falhas das mulheres, não aproveitará suas grandes virtudes”. E você mulher, seja você: dona de casa, trabalhadora, mãe, esposa ou amasiada, mesmo não sendo “famosa” faça tudo com amor porque vale a pena e te faz ser especial todos os dias.

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