Artigo: A Ecologia Humana...


A ecologia humana desde os tempos da colonização

Artigo publicado no Jornal Gazeta Popular (Siderópolis/SC) em maio de 2012.

Para escrever sobre este tema tão atual, relembraremos a história da relação do homem com o meio ambiente, desde os primeiros dias da formação da nossa cidade.

Quando a 121 anos chegavam em Nova Belluno, os primeiros imigrantes italianos, a primeira preocupação era se as terras que ocupariam, tinha um rio. A água foi o elemento importante para o progresso de todas as civilizações, principalmente para a sobrevivência do seu povo.

Em seguida, a relação dos imigrantes com os animais selvagens e com os índios não foram muito amigáveis, pois cada um querendo ocupar o mesmo espaço ficaria difícil, começou então a matança dos animais e de seres humanos, diminuindo assim mais seres vivos nas nossas florestas, sejam animais, indígenas ou imigrantes.

Para viverem com mais qualidade, na cidade foi acontecendo o desmatamento, cada comunidade foi criando sua cultura, com sua forma de se comunicar, com sua fé e seus valores morais. Casas foram sendo levantadas, igrejas construídas em forma de multirão e as pequenas empresas foram aparecendo aos poucos, com ferrarias, atafonas, moinhos, serraria, marcenaria, entre outros que contribuíram para o progresso da cidade.

Passados meio século de vida em Belluno, veio às primeiras mineradoras contribuir para a questão econômica da cidade, para mudar o nome se transformando agora em cidade siderúrgica, explorando o carvão e o trabalho humano. E continuavam poluindo toda forma de vida, através da exploração inadequada, sem legislação ambiental e prejudicando a saúde do meio ambiente e dos operários.

E assim a cidade foi se formando, muitos foram chegando de todo lugar do país, se misturando com os imigrantes, que até então trabalhavam na lavoura, cada um com sua etnia, seus problemas e vontade de vencer na vida, através do trabalho nas empresas que elevariam ao progresso financeiro. As famílias foram se alojando por toda parte em casas de barro, cortiços ou em vilas residenciais. Alguns foram embora, porque venderam suas terras ou porque não agüentaram a vida e o trabalho na cidade minerada.

Os mineradores e operários com o mesmo objetivo: explorar o minério, fazer riquezas, claro que a fatia não era repartida igualmente e muitos deles sem pensar na poluição causada pela mineração a céu aberto com as “Marions” e com as minas subterrâneas.

A mão-de-obra podia ser infantil ou juvenil, todos podiam trabalhar, até as mulheres “escolhedeiras de carvão” agora tinham seu valor, trabalhando nas pardiolas, espalhadas pela cidade.

Mas, como tudo que vem da natureza e que não é cuidada pode acabar, as mineradoras foram acabando com a exploração mineral e a consciência ambiental foi surgindo, no fim dos anos 80, assim como o término do governo militar no país.

Estes dois fatos foram surgindo, após muitas reflexões, muitas lutas, o povo foi vendo os fatos, fazendo a luta de classe e a busca pela preservação ambiental, ou seja, do resto que sobrou da cidade.

A relação do homem com a ecologia foi dando a “Ecologia Humana”, fato inseparável na vida de todos, pois assim como todos precisam da água, precisamos também do ar, do solo, da fauna e da flora e de todos os bens naturais para vivermos.

A ecologia humana tem haver com a ética humana e o respeito pela diversidade ambiental e étnica. Teremos mais centenas de anos pela frente, temos que pensar nas próximas gerações, que com certeza devem ser bem melhores que as anteriores.

Tudo isto requer a busca da simplicidade da vida, ou seja, educação apropriada, alimentação equilibrada, informação adequada e seletiva, moradia confortável, saúde consciente, contemplação da natureza e da beleza, e alegria de viver numa relação harmônica, inteligente e compassiva de ser humano para com ser humano.

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