Crônica: Vidas Negras importam?!
VIDAS NEGRAS IMPORTAM?!
Por Sissa Moroso (04/06/2020)
“Respeitar as diferenças é viver com o
coração aberto”. Li essa frase outro dia numa porta de um shopping da região.
Todos dizem que não tem preconceito, que não são racistas, mas tem seu coração
fechado para o amor ao próximo, principalmente de esse próximo é de “cor”, e
cor diferente da sua.
Não adianta dizer que respeita as pessoas
diferentes de sua etnia, e de sua convivência. Porque tem pessoas que fazem
piadas de racismo e deixam seus filhos assistirem essa atitude!
Se a educação começa em casa, ensinem
seus filhos desde cedo a amar suas origens, mas sem se esquecer de respeitar as
demais.
Todos os dias, pessoas de “cor” são
assassinadas, mortas ou sofrem preconceitos, mas quando acontece algo que “bomba”
na Internet, todos acham que “vidas negras importam”, parece que vira um
modismo...
Desde que foi aprovada a lei 10639 em
2003 que trata da "obrigatoriedade da temática 'História e Cultura
Afro-Brasileira'" no currículo escolar, vimos pouca diferença na educação,
porque o tema ainda é difícil, pois muitos professores não se sentem preparados
para falar do assunto. É mais fácil aceitar um aluno com deficiência, fazer de
conta que inclui ele na classe, do que falar sobre racismo, porque tem um
menino negro na classe, que muitas vezes não se sente incluído também.
Nossa sociedade sempre viveu a partir de
uma narrativa eurocêntrica, que o branco é a referência de todas as relações, e
esse fato também norteia o espaço escolar. A escola tem que ensinar que todos
devem respeitar o diverso e também aprender com ele.
Temos sangue vermelho, ossos, cabelos
(alguns lisos, outros encaracolados), têm pessoas carecas também, ou seja,
somos todos iguais, pertencemos a única raça: a raça humana, mas somos diferentes
na biologia.
É
percebendo as nossas diferenças que entendemos como é importante o respeito e a
tolerância pelo próximo, já que não existem duas pessoas iguais no mundo.
Precisamos ensinar nossas crianças a ter
empatia, entender a importância da igualdade e fazer acontecer a equidade.
Senão teremos pessoas amargas, que odeiam as pessoas diferentes de si, e vão praticar
racismo, espalhar o ódio e até matar.
Tenho medo da sociedade que estamos
formando, dos cidadãos que vão piorar ou transformar a realidade atual. Muita
coisa mudou, muito para melhor e muita coisa para pior.
Depois dessa Pandemia, vamos ser
melhores seres humanos? O que aprendemos com tudo isso? Para alguns, nenhuma
vida importa, negros ou brancos, pois “todos vão morrer um dia mesmo”, disse um
governante outro dia.
Morrer é a única certeza que temos dessa
vida, mas viver com dignidade e respeito é o mínimo que um cidadão pode ter.
As vidas negras importam e muito! Chega
de escravidão, chega de preconceito, vamos amar a todos sem distinção!
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