Coletânea: Tecelâs Literárias - AJEB/SC
Estamos passando há alguns meses, uma situação
que ninguém neste século imaginaria que viveríamos. O que me vem à mente é a
palavra “empatia” que tivemos muito e também nada, em algumas situações.
Procurei conceitos e definições do termo, mas o que mais me pareceu
interessante para contribuir no texto, foi o ressignificado de um jovem
escritor, chamado João Doederlein e para ele “empatia não é sentir pelo outro,
mas sentir com o outro. Quando a gente lê o roteiro de outra vida, é ser autor
em outro palco, é compreender, é não dizer ‘eu sei como você se sente’. É
quando a gente não diminui a dor do outro. É descer até o fundo do poço e fazer
companhia para quem precisa. Não é ser herói, é ser amigo”. Muitos fatos
aconteceram nos últimos meses, mas a rede social mostrou o caráter de muitas
pessoas em diversos conflitos. Os seres humanos mostraram seus valores morais e
virtudes, ideologias pessoais e de um grupo, vimos que muitos viraram: juízes,
advogados, promotores e réus. Com tempo mais livre para ler e escrever, muitas
pessoas usaram isso a seu favor, escreveram poemas, contos e crônicas, alguns
lançaram livros virtualmente, outros guardaram na gaveta, outros entraram nas
redes sociais para espiar, criticar ou valorizar. O ser humano é um animal que
pensa, mas que também faz o mal para seu semelhante, muitas vezes agride com
palavras que machucam muito mais que com ações, outros praticam ações que matam
mais que palavras. No mês de maio, o mundo todo viu um vídeo da morte de um
homem negro de quarenta anos, sendo imobilizado por um policial branco
ajoelhado no pescoço dele, sufocando-o até a morte, mesmo esse dizendo que não
conseguia respirar, o policial não o soltou. Essa violência chocou muita gente,
a maioria teve empatia por George Floyd, vimos poucas pessoas defendendo a
atitude do policial. Mas o que esse fato nos deixou de exemplo foi o retorno ao
debate sobre o racismo estrutural, que ainda impera em muitos países. Nas redes
sociais percebemos que cada um vive na sua própria versão da realidade, as discussões
sobre racismo, política e outros, são defendidos e atacados por todos os lados.
Nunca vi tanta intolerância, em meio século de vida que tenho. Pessoas
defendendo a volta do fascismo, da ditadura, do racismo e tantas outras coisas
negativas que há muito tempo havíamos superados, pelo menos desde a elaboração
da constituinte nos anos oitenta, onde a democracia era a busca de todos.
Nesses tempos de pandemia e sempre, precisamos ter empatia, respeitar as
opiniões mesmo que consideramos erradas, porque existe a diversidade e todos
são diferentes, mesmo sendo semelhantes como seres humanos, temos a nossa
subjetividade, ou seja, a maneira de ser e pensar de cada um. Nós mulheres além
da empatia, precisamos ter a tal “sororidade”, que vem da palavra solidariedade,
precisamos ser unidas e defender a nossa causa, na escrita, no trabalho e na
sociedade, lutar por mais espaço e estar em qualquer lugar que queremos. Viva a
empatia e a sororidade! Vamos ser mais felizes e tolerantes com a diversidade!
Participação de algumas autoras na Feira do Livro de Lisboa/Portugal
Junho/2021
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