Coletivo Chega de Racismo de Criciúma faz 10 anos



A cidade de Criciúma, com mais de duzentos mil habitantes, foi instituída em 6 de janeiro de 1880, ou seja, tem 144 anos de colonização, sem esquecer que aqui estavam os indígena Xokleng, que foram dizimados ou expulsos de suas terras originárias, mas que deixaram sua marca no nome da cidade, capim “cresciuma”, por conta da presença do capim Kyry-Syiuâ, de palavra Tupi, mas a cidade se tornou Criciúma por meio de uma lei em 1948.

A cidade continuou sua trajetória, como colônia italiana e de outras origens europeias em diversos bairros, até que o carvão mineral foi descoberto por acaso em 1893, e que até o final da década de setenta se transformou na economia principal de toda região carbonífera.

A partir 1910, começou a construção da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, iniciou-se então a vinda do povo negro para trabalhar nas picadas das matas e também na mineração a céu aberto.

Em Santa Catarina, aconteceu também a escravidão negra, onde o primeiro grupo veio da Ilha dos Açores e da Madeira em meados do século XVIII. O povo negro junto com os indígenas guaranis e o povo açoriano, formava o primeiro povoado catarinense, que de lá se espalharam por toda Santa Catarina, era necessário embranquecer a praça, remover os “diferentes”, mandar para longe, pode ser na favela ou até para outras cidades.

No livro “História Diversa” (UFSC, 2013), vamos ver a supervalorização da presença europeia em nosso estado, mas temos outros elementos da história que trazem a presença dos povos indígenas e afro-brasileiros. Trata-se de uma história diversa, porque é múltipla e está mudada e diversa porque é discordante.

Vamos encontrar o povo negro como aquele trabalhador braçal que contribuiu para a economia das cidades, foram as crianças e mulheres negras escolhedeiras, os homens negros com sua picaretas e nas vagonetes que levavam o carvão para fora das minas de carvão, homens e mulheres que viveram na periferia e que engrandeceram as grandes mineradoras.

Para o lazer, os adultos negros tinham seus próprios clubes recreativos, e tinha um clube de brancos e privilegiados, onde o negro não entrava. Começava ai, então, a separação por cores e delimitação de espaços entre brancos e pretos. Continuava ai o preconceito e o racismo, nada velado.

 A escola era para poucos, nem todos os negros tiveram acesso à educação, cultura e lazer.  Surge a ideologia de que o povo negro serve para trabalhar e que não precisa de instrução ou educação, pois são descendentes de escravos.

Parafraseado Makota Valdina: “Não sou descendente de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados”.

Muitas inverdades da história temos que trazer para a sociedade, não podemos ainda viver nesse século com o racismo. Foram feitas diversas leis, para que as pessoas entendessem que é preciso aceitar o outro, entender a diversidade da Raça Humana.

As entidades como associações e agremiações existem a muito tempo, o Coletivo Chega de Racismo, se instituiu há 10 anos para auxiliar as pessoas que sofrem com o racismo e o preconceito. Nesse anos, fez diversas ações e lutas pelo direito de todo povo negro, que passou por alguma situação, que precisou de enfrentamento de denúncias, tanto na polícia como no ministério público.

Hoje temos um povo afrobrasileiro com estudo, pois quem tem conhecimento tem poder, temos muitos advogados, professores, escritores, educadores e tantas outras profissões, que estão na luta diária pelas conquistas de seus ideais e pela luta antirracista.

O Coletivo é feito de pessoas do povo, que luta pelos direitos das pessoas, pela sua sobrevivência na sociedade racista, pela saúde mental de um povo que sempre sofreu por causa da sua diversidade, ou seja, os que estão “fora da caixa”.

               São dez anos de persistência, resiliência, motivação e muita dedicação para seguirmos firmes na luta contra o RACISMO com autonomia frente aos governos ou instituições. Junte-se a nós, precisamos ser antirracistas, mas atuantes!

FOTOS DO EVENTO DOS 10 ANOS



Coordenador do Coletivo Professor Alex Sander abrindo as atividades.


As palestrantes convidadas


                                                Alguns membros da coordenação presentes no evento


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