A folia do carnaval e o arrocha!


A FOLIA DO CARNAVAL E O ARROCHA!


Rosilda Moroso (Sissa) - Pedagoga

O carnaval é uma festa popular que teve origem na Grécia, quinhentos anos antes de Cristo, era uma festa para agradecer os deuses pela fertilidade do solo e pela produção dos alimentos e com o tempo a igreja católica adotou a festa. Na antiguidade o carnaval era realizado festejos onde se comia, bebia e tinha a busca pelos prazeres e tudo isto antes da quaresma, mesmo todos sabendo da origem da palavra “carnis valles” que em latim significa “prazeres da carne” .

Com o carnaval surgiu a música e com ele as marchinhas, onde prevalecia o improviso, o lirismo, o humor, a malícia e a ironia. E as músicas estavam sempre relacionados as prazeres da carne, tal como “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval” e “eu vou para a maracangalha, eu vou”, “tá todo mundo dando, tá todo mundo dando meia volta no salão”, “bota a camisinha bota meu amor” e assim por diante.

A ideia de que no carnaval ninguém é de ninguém e vale tudo, surgiu da própria maneira de curtir a vida nestes dias de folia. São dias para beber até cair e apareceram muitas marchinhas falando sobre isso: “chegou a turma do funil, todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto”, “tem nego bebo aí”, “só não quero que me falte a danada da cachaça” e “as águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar”.

Neste tempo o carnaval de salão podia ter bebida em garrafas, hoje nem pensar, tudo em lata ou copo de plástico, pois pode ter briga e muita gente se machucar. Lembro-me bem ao entrar no salão com meus pais para pular o carnaval, tinha cheiro de suor e cerveja e mais no final da noite, sentia-se o cheiro do lança perfume, que era proibido, mas ninguém falava nada se via alguém usando.

Hoje as drogas são muito mais pesadas! Antigamente tinha até pó proibido como diz a música da década de sessenta: “vem cá seu guarda, bota pra fora esse moço, que está no salão brincado com pó-de-mico no bolso. Foi ele, foi ele sim, quem jogou o pó em mim”.

Com o tempo, os grandes bailes dos clubes e os blocos de rua, que eram animados pelas marchinhas e batucadas de samba, foram perdendo o interesse da juventude, ficando somente na lembrança dos mais velhos, assim como eu.

O que escutamos nos dias de carnaval atualmente é uma mistura de sons que sai dos carros abertos, disputando o som mais alto e eu fico cantando: “quero voltar àquela vida de alegria, quero de novo cantar”, pois não consigo acompanhar o ritmo de tanta música diferente. Quando penso que aprendi a dançar e cantar funk, chega o tal de arrocha! E fico pensando num “balancê, quero dançar com você”, mas hoje a dança é coletiva, onde todos fazem o mesmo movimento, pois “a mulherada gosta, o homem entrou no clima, toca aquele arrocha, que as mina pira”. “E se você quiser pode dançar largadinho”, que é a dança do momento!

Desde o “Maria sapatão, sapatão de dia é Maria de noite é João” do Chacrinha, criou-se outras marchinhas para se referir a opção sexual das pessoas, assim como: “olha a cabeleira do Zezé, será que ele é?” Pois no carnaval muita gente pode se soltar, sair do armário e curtir a música: “sassassaricando, todo mundo leva a vida no arame”.

As marchinhas que escutamos hoje no rádio e na TV são músicas para chamar a atenção da população para os problemas da questão ambiental: “Tá com vontade de fazer xixi, não faz aqui!” e “Não jogue lixo no chão, seu porcalhão”, entre outras.

Mas o tema mais importante ainda é sobre o disque 100, para não fecharmos os olhos sobre a questão da exploração sexual infantil, em qualquer cidade do país e que não acontece somente no carnaval, mas durante o ano todo.

Todos dizem que o Brasil começa a viver o novo ano somente depois do carnaval, então feliz ano novo pra todos e vamos cantando, dançando e aplaudindo todos os ritmos, não importa se é axé, reaggue, pagode, rock, pop ou samba, o que importa é que têm espaço pra todos e que moramos num “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza, mas que beleza, e em fevereiro tem carnaval, tem carnaval”.

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