Coletânea - E-book "Mulheres Incensuráveis"
"Mulheres revolucionárias de todos os tempos"
Gostaria de homenagear as mulheres
que foram extraordinária no mundo e que por essa antologia, vamos chamá-las de
incensuráveis. Essas mulheres não podem sofrer censuras na atualidade, pois já
foram censuradas por muitos anos e tivemos até algumas queimadas na fogueira.
Sempre que uma mulher se destaca na
sociedade por algum motivo, luta ou destaque na profissão, existe um conflito e
queixas machistas, é...ainda vivemos isso nesse século.
Sou educadora, então escolhi Antonieta de Barros como a primeira a
ser destacada, ela que foi professora, é catarinense como eu e que lutou por
uma educação de qualidade e para que todos tivessem acesso à escola. Era a
década de 30, onde o espaço da mulher era restrito, mas conseguiu vencer, foi a
primeira mulher negra a assumir um mandato popular na assembleia Legislativa
como deputada. Como escritora na carreira jornalística, denunciou a corrupção e
o desrespeito às leis, deixou escrito um único livro denominado “Farrapos de
Ideias”. Não se casou e nem teve filhos. Precisou de muitos anos, para que
todos os catarinenses reconhecessem Antonieta como uma mulher que viveu a
serviço da educação e para o bem de todos, mas que morreu cedo aos cinquenta
anos de idade, deixando um grande legado para Santa Catarina e para o país.
Como escritora que sou, escolhi Carolina Maria de Jesus para homenagear, essa mineira que nasceu em 1914, frequentou a escola por pouco tempo, mas aprendeu a ler, sendo uma mulher pobre e negra, sofreu muitos preconceitos. Foi morar em São Paulo e morou numa favela, onde construiu sua própria casa com materiais recicláveis. Teve três filhos que criou como mãe solteira. Recolhia papel para vender e lia tudo que encontrava e também escrevia sua tristeza para espantar a fome, através de poemas. Foi encontrada por um jornalista, que pesquisava a favela onde ela morava e que leu seus vinte cadernos sujos, onde guardava os seus escritos. Alguns anos depois era lançado seu primeiro livro: “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”. Sua vida e de seus filhos mudaram a partir
do importante evento. O livro foi
traduzido em muitos países e considerado um livro para grandes reflexões, sobre
os problemas sociais brasileiros. Morreu pobre, aos 63 anos, mas deixou material
escrito para o livro “Diário de Bitita” que foi lançado, após dez anos de seu
falecimento e que retrata sua infância pobre, a luta contra o preconceito e a
miséria da vida humana.
Como gosto de música e a composição
escrita é uma forma de poema musicado, quero lembrar de Chiquinha Gonzaga, essa carioca que nasceu em 1847, filha de
escrava mestiça e pai branco militar do império. Teve uma vida com boas
condições financeiras, estudou música e piano, e que com onze anos estreou como
compositora. Aos dezesseis anos se casou com um oficial da Marinha, obrigada
pelo seu pai. Ela nunca gostou do esposo e seu pai lhe deu um piano de
presente, para passar o tempo, mas seu esposo não gostava que ela tocasse ou
fizesse composições. Teve um filho e se separou do marido. Teve dias difíceis
naquele século 19, onde havia o preconceito de mulheres separadas e mulheres
cantoras. Fez várias canções, sua música “Ô Abre Alas” que compôs em 1899,
criada para o carnaval, ficou famosa e abriu muitas portas. Viajou pela Europa
e ficou conhecida mundialmente. Foi fundadora da Sociedade Brasileira de
Autores Teatrais, compôs 77 peças e mais de duas mil composições de gênero
variados de músicas. Faleceu aos 87
anos, sempre lutando pela abolição da escravatura e a favor da República.
Em 1825, no Maranhão nascia Maria
Firmina dos Reis, que foi professora, escritora e compositora de músicas
clássicas e populares. Para alguns era parda e outros negra, era uma leitora
voraz e se alfabetizou sozinha. Aos 22 anos foi a primeira mulher aprovada para
um concurso público de professora primária. Fato que orgulhou toda sua
comunidade. Sempre se demonstrou contra a escravidão e a discriminação de
gênero. Escreveu o Romance: “Úrsula”, sendo considerado o primeiro romance da
literatura afro-brasileira. Como uma abolucionista que era, escreveu o conto “A
escrava” em 1887. Assim como Antonieta de Barros, fundou uma escola para que
meninas pudessem estudar. Sua produção literária foi extensa, escreveu novelas,
volumes de poemas e crônicas para jornais. Faleceu cega, aos 92 anos, pobre e
sem glórias. Como todas as mulheres escritoras, foi apagada da memória, mas
depois de muitos anos sua escrita voltou a ser publicada e teve seu
reconhecimento devido.
Poderíamos escrever sobre tantas mulheres com essas mesmas características, negras, pobres, professoras, escritoras, compositoras, poetisas, jornalistas, enfim, lutadoras, mas pela sororidade, vamos citar algumas mulheres afrobrasileiras, que estão viva e sobrevivendo, ainda, nessa sociedade machista e preconceituosa.
Quero indicar outras mulheres,
educadoras e escritoras que tratam do tema antirracista, que fazem com que
todos conheçam a força da mulher negra e sua participação na sociedade. Nomes
como a jogadora Marta Vieira, Judoca Rafaela Silva, escritora premiada Djamila
Ribeiro, escritora cordelista Jarid Arraes, Doutora em Literatura Conceição
Evaristo, professora Geni Guimarães, produtora cultural Mel Duarte e tantas
outras que me orgulho de ler e conhecer sua biografia, que ficará na história
escrita desse Brasil, que infelizmente tem mais escritores que leitores.
Precisamos inverter esse fato, para
termos pessoas melhores e que respeitem a diversidade brasileira.
Comentários
Postar um comentário