Coletânea - E-book "Mulheres Incensuráveis"



    E-book na AMAZON
https://www.facebook.com/sfaeditorial

Participei dessa coletânea: “Mulheres Incensuráveis” que foi uma ideia da SF EDITORIAL, onde reuniu dezenas de mulheres, escritoras de primeira ou mais publicações, para que elas, através da escrita pudessem traduzir com palavras a força da mulher, a garra e a superação do que é ser uma mulher incensurável.
 As mais diversas formas de enxergar a vida, a vida contada através de um poema, através de uma carta, através de uma escrita, através de um texto motivacional, através de contos e crônicas, todas essas escritas fazem parte desta antologia e retratam a essência e virtude do ser Mulher.

 Crônica:

 "Mulheres revolucionárias de todos os tempos"

       

             Gostaria de homenagear as mulheres que foram extraordinária no mundo e que por essa antologia, vamos chamá-las de incensuráveis. Essas mulheres não podem sofrer censuras na atualidade, pois já foram censuradas por muitos anos e tivemos até algumas queimadas na fogueira.

         Sempre que uma mulher se destaca na sociedade por algum motivo, luta ou destaque na profissão, existe um conflito e queixas machistas, é...ainda vivemos isso nesse século.

          Sou educadora, então escolhi Antonieta de Barros como a primeira a ser destacada, ela que foi professora, é catarinense como eu e que lutou por uma educação de qualidade e para que todos tivessem acesso à escola. Era a década de 30, onde o espaço da mulher era restrito, mas conseguiu vencer, foi a primeira mulher negra a assumir um mandato popular na assembleia Legislativa como deputada. Como escritora na carreira jornalística, denunciou a corrupção e o desrespeito às leis, deixou escrito um único livro denominado “Farrapos de Ideias”. Não se casou e nem teve filhos. Precisou de muitos anos, para que todos os catarinenses reconhecessem Antonieta como uma mulher que viveu a serviço da educação e para o bem de todos, mas que morreu cedo aos cinquenta anos de idade, deixando um grande legado para Santa Catarina e para o país.

             Como escritora que sou, escolhi Carolina Maria de Jesus para homenagear, essa mineira que nasceu em 1914, frequentou a escola por pouco tempo, mas aprendeu a ler, sendo uma mulher pobre e negra, sofreu muitos preconceitos. Foi morar em São Paulo e morou numa favela, onde construiu sua própria casa com materiais recicláveis. Teve três filhos que criou como mãe solteira. Recolhia papel para vender e lia tudo que encontrava e também escrevia sua tristeza para espantar a fome, através de poemas. Foi encontrada por um jornalista, que pesquisava a favela onde ela morava e que leu seus vinte cadernos sujos, onde guardava os seus escritos. Alguns anos depois era lançado seu primeiro livro: “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”. Sua vida e de seus filhos mudaram a partir

do importante evento. O livro foi traduzido em muitos países e considerado um livro para grandes reflexões, sobre os problemas sociais brasileiros. Morreu pobre, aos 63 anos, mas deixou material escrito para o livro “Diário de Bitita” que foi lançado, após dez anos de seu falecimento e que retrata sua infância pobre, a luta contra o preconceito e a miséria da vida humana.

       Como gosto de música e a composição escrita é uma forma de poema musicado, quero lembrar de Chiquinha Gonzaga, essa carioca que nasceu em 1847, filha de escrava mestiça e pai branco militar do império. Teve uma vida com boas condições financeiras, estudou música e piano, e que com onze anos estreou como compositora. Aos dezesseis anos se casou com um oficial da Marinha, obrigada pelo seu pai. Ela nunca gostou do esposo e seu pai lhe deu um piano de presente, para passar o tempo, mas seu esposo não gostava que ela tocasse ou fizesse composições. Teve um filho e se separou do marido. Teve dias difíceis naquele século 19, onde havia o preconceito de mulheres separadas e mulheres cantoras. Fez várias canções, sua música “Ô Abre Alas” que compôs em 1899, criada para o carnaval, ficou famosa e abriu muitas portas. Viajou pela Europa e ficou conhecida mundialmente. Foi fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, compôs 77 peças e mais de duas mil composições de gênero variados de músicas.  Faleceu aos 87 anos, sempre lutando pela abolição da escravatura e a favor da República.

   Em 1825, no Maranhão nascia Maria Firmina dos Reis, que foi professora, escritora e compositora de músicas clássicas e populares. Para alguns era parda e outros negra, era uma leitora voraz e se alfabetizou sozinha. Aos 22 anos foi a primeira mulher aprovada para um concurso público de professora primária. Fato que orgulhou toda sua comunidade. Sempre se demonstrou contra a escravidão e a discriminação de gênero. Escreveu o Romance: “Úrsula”, sendo considerado o primeiro romance da literatura afro-brasileira. Como uma abolucionista que era, escreveu o conto “A escrava” em 1887. Assim como Antonieta de Barros, fundou uma escola para que meninas pudessem estudar. Sua produção literária foi extensa, escreveu novelas, volumes de poemas e crônicas para jornais. Faleceu cega, aos 92 anos, pobre e sem glórias. Como todas as mulheres escritoras, foi apagada da memória, mas depois de muitos anos sua escrita voltou a ser publicada e teve seu reconhecimento devido.

           Poderíamos escrever sobre tantas mulheres com essas mesmas características, negras, pobres, professoras, escritoras, compositoras, poetisas, jornalistas, enfim, lutadoras, mas pela sororidade, vamos citar algumas mulheres afrobrasileiras, que estão viva e sobrevivendo, ainda, nessa sociedade machista e preconceituosa.

Quero indicar outras mulheres, educadoras e escritoras que tratam do tema antirracista, que fazem com que todos conheçam a força da mulher negra e sua participação na sociedade. Nomes como a jogadora Marta Vieira, Judoca Rafaela Silva, escritora premiada Djamila Ribeiro, escritora cordelista Jarid Arraes, Doutora em Literatura Conceição Evaristo, professora Geni Guimarães, produtora cultural Mel Duarte e tantas outras que me orgulho de ler e conhecer sua biografia, que ficará na história escrita desse Brasil, que infelizmente tem mais escritores que leitores.

          Precisamos inverter esse fato, para termos pessoas melhores e que respeitem a diversidade brasileira.

                    



Divulgando o livro em evento literário

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Portfólio de Sissa Moroso

O menor casal do mundo é separado

Gentil do Orocongo