Dia Nacional da Mulher Negra e Tereza de Benguela
“NOSSOS
PASSOS VEM DE LONGE”
(Sissa Moroso)
Hoje, dia 25 de julho, comemoramos
duas datas importantes: Dia do (a) Escritor (a) e o Dia da Mulher Negra e
Tereza de Benguela.
O dia do escritor foi instituído em
1960, no evento organizado pela União Brasileira dos Escritores (UBE), criada
em 1958, na época presidido por João Peregrino Junior e Jorge Amado, que realizaram
o Primeiro Festival do Escritor Brasileiro, que aconteceu no dia 25 de julho
daquele ano. O Ministro da Educação e Cultura da época, Pedro Paulo Penido
escolheu essa data para homenagear todos os escritores brasileiros.
No ano de 2014, a presidente Dilma sancionou
a Lei nº 12.987 que trata do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher
Negra. Essa data foi escolhida, porque no mesmo dia em 1992, aconteceu o 1º Encontro
de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenha, que teve essa data também
como comemorativa na América Latina.
A biografia de Tereza de Benguela,
ficou mais conhecida a partir da lei, ela que foi uma mulher líder quilombola,
que viveu no século 18 e com a morte de seu companheiro José Piolho, passou a
ser a rainha do Quilombo Quariterê no Estado do Mato Grosso. Liderou esse povo
negro e indígena, por vinte anos e resistiu à escravidão e todo tipo de
perseguição dos escravocratas.
A partir dela e de tantas negras
ativistas, a palavra resistência passou a ser a palavra de ordem em todos os
movimentos negros, feministas, indígenas, LGBTs e tantos outros que sofrem na
sociedade preconceituosa em que vivemos.
Como escritora, passei a escrever
sobre o tema diversidade, porque considero que a escrita é uma construção de
espaço de existir e resistir.
Lembro-me de uma frase de Carolina de Jesus, “Eu
sou negra, a fome é amarela e dói muito”.
Em seu diário de uma favelada, escreve suas dores e suas dificuldades,
de ser mulher negra, mãe solo e pobre. Os fatos são narrados a partir de 1955
para esquecer a fome, e muitos fatos escritos por ela, nós ainda vivemos nesse
século.
Nessa semana, onde se descobriu mais fatos sobre a morte de Marielle Franco, temos que refletir o seu legado de luta que visava promover uma política de representatividade e lembrar de uma das suas frases: “Ciclo de uma sociedade racista: enquanto mais um jovem negro e pobre é preso só por existir, mais uma mãe negra e pobre sofre com a solidão”. Ela que foi silenciada por sua resistência em não desistir da suas ideologias.
Essa data de hoje é para refletir e
resgatar a memória de tantas guerreiras, como Dandara, Luiza Mahin, Maria Firmina
dos Reis, Antonieta de Barros, Dona Ivone Lara, Elza Soares, Maria da Penha e
tantas outras que enfrentaram o preconceito de todos com raça e classe.
Precisamos que todas as mulheres
negras tenham acesso à educação, que é um dos instrumentos de mudanças, para
melhorar o futuro, porque não é só uma formação escolar ou acadêmica, mas uma
formação para o exercício da cidadania.
Somos mais da metade da população
e trazemos conosco, a cultura machista, mas também a vontade de lutar por um
mundo melhor. Não podemos mais votar em pessoas medíocres, porque a falta de
políticas públicas para as mulheres só prejudicam nossos direitos. Temos que
fortalecer e avançar na luta contra a violência, fazer a sororidade acontecer,
através de denúncias e fazer a resistência com o bom combate. Somos a maioria
de eleitoras e não temos muita representatividade na política, precisamos de
mais, porque o movimento das mulheres é que discute as questões humanitárias.
Ainda bem que nos dias de hoje temos muitas
mulheres ativistas que defendem seu povo sofrido, através da escrita, da
política, da música, nas ONGs e tantos outros lugares ocupados, para resistir a
todas as formas de discriminações, conflitos e desigualdades.
O mais importante do movimentos das mulheres negras é que elas fazem um renovar de esperança, onde “ninguém solta a mão de ninguém”, e conclamam para que todos lutem pelos seus direitos de existir, de pensar e conquistar a igualdade, a equidade e o respeito.
Que bom conhecer a história.
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